sábado, 25 de setembro de 2010

As Eleições no PSD de Santarém

Ontem o PSD de Santarém foi a votos. Ganhou Nuno Serra para a Comissão Política e Ricardo Gonçalves para a Mesa da Assembleia, numas eleições que deixam muitas lições.

A primeira lição é a da participação. O PSD afirmou-se e consolidou-se como o maior partido em Santarém. O maior em militantes (cerca de 900) e em participação (o caderno eleitoral tinha 620 inscritos e votaram 468 militantes). Daqui resulta uma grande lição para aqueles que muito fizeram para espezinhar o PSD e augurar a sua morte e para todos aqueles que achavam que o PSD era um apêndice da Câmara Municipal e do seu Presidente. O PSD está bem vivo, deu provas dessa vida e da sua independência.

Outro grande sinal foi a vitória de Nuno Serra que era dado por muitos como o candidato perdedor à partida. Estava na linha das Comissões Políticas dos últimos 12 anos em Santarém. Rui Presúncia, eu próprio e Ricardo Gonçalves, estávamos ao seu lado com apoio publico. Deste lado o PSD que alcançou as maiores vitórias para o PSD das últimas dezenas de anos, contra o PSD "do momento" duma lista em que muitos dos constituintes e apoiantes são actuais empregados da Câmara, empresas municipais ou que têm interesses económicos com aquelas.

Para muitos, a luta seria desigual. O poder tem para oferecer, em tentativas veladas de pressão, oferta e deslumbramento. Nuno Serra não tinha nada para oferecer senão o seu trabalho, o seu passado, a sua idoneidade e a sua independência.

Valeram estes valores, numa votação massiva dum PSD que respondeu à altura e deu a Nuno Serra e à sua equipa uma vitória muito expressiva (+12% dos votos expressos).

Do outro lado ficaram os perdedores do momento. Elevaram a fasquia muito alto e comportaram-se com uma atitude arrogante em todo em processo. Cerca da meia noite vinha a desilusão, os rostos expressaram tristeza, viram-se lágrimas, como se estivessem a perder a vida.

Deste lado ficou muita gente com responsabilidades. Desde logo os vereadores João Leite, Luísa Féria e António Valente que expressaram o seu apoio a Luís Arrais no lançamento da candidatura e durante o processo subsequente. Também os eternos Vítor Varejão, Nuno Cardigos, João Lucas e Paulo Pita Soares viram a história confirmar-se e sempre que estiveram do lado contrário perderam as eleições em Santarém.

Uma palavra também para Susana Pita Soares. Uma desconhecida há uns anos, que ganhou alguma notoriedade quando ocupou o cargo de Directora do Centro de Emprego num governo do PSD. Depois de algum tempo afastada (por lutas de lugares de vereadores) voltou há pouco tempo como mandatária de Paulo Rangel no Distrito nas últimas eleições ganhas por Pedro Passos Coelho. Quis avançar para a corrida da concelhia e faltaram-lhe os apoios. Disse que se afastava, mas não resistiu, à última hora, em estar ao lado de Luís Arrais, como Presidente da Comissão de Honra. Comprometeu o seu futuro político pela inconstância e apostas erradas.

Os dois grandes perdedores da noite foram, sem margem para dúvidas, Luís Arrais e António Campos. O primeiro, que se insinuava há já muito tempo como um potencial líder do PSD e até candidato à Câmara de Santarém, viu goradas as suas expectativas no campo político e vê o seu peso e poder saírem muito diminuídos, numa altura em que ocupa um lugar de nomeação da Câmara Municipal. Desfizeram-se as dúvidas sobre o seu peso eleitoral.

António Campos é aquele que terá de tirar maiores ilações desta derrota. Apesar de ser tesoureiro da Distrital, não se coibiu de participar e dar a cara neste combate concelhio. A preparação de uma eventual candidatura à distrital na sucessão de Vasco Cunha que já não se pode recandidatar, pode ter precipitado as decisões e tentar ficar bem colocado na corrida, assegurando, desde logo, o apoio da sua concelhia, que com a vitória de Nuno Serra decerto não terá. Terá que tirar as devidas ilações e deixar de parte os seus projectos políticos pessoais para melhores momentos, e pensar se tem condições políticas para continuar no cargo que ocupa na Distrital.

Uma última palavra para Diogo Gomes, presidente da concelhia da JSD de Santarém. Fez uma coisa que seria impensável - pôr a estrutura da jsd local a apoiar o candidato Luís Arrais, numa maioria "forçada" dos seus elementos-. Um erro político que deve dar que pensar a Diogo Gomes que terá igualmente de retirar consequências políticas da sua acção.

Ganhou Santarém, ganhou o PSD, e estou certo que, se Nuno Serra cumprir o seu programa eleitoral, irá dar muita visibilidade ao PSD, não numa lógica submissa, mas numa lógica livre, proactiva e defensora dos interesses do nosso concelho, apostando numa política de proximidade.

E depois de todos "lamberem as feridas" há que unir. Nuno Serra terá essa responsabilidade. O PSD é só um e existem grandes desafios pela frente: Eleições Presidenciais, umas expectáveis Legislativas, e as autárquicas que se aproximam e que pedem muito trabalho.

Estou certo que o bom senso imperará. o PSD com a força que demonstrou ontem será imbatível em todas as eleições. Assim as pessoas saibam assumir os seus papéis... sem pisarem o risco... da sapatilha!